22 janeiro 2009

Vulcão de Yellowstone elevou-se 18 cm desde 2004

Nos Estados Unidos, o supervulcão de Yellowstone está subindo. A sua "caldeira", uma grande bacia de 60 km de comprimento e 40 km de largura situada no centro do parque nacional do mesmo nome e criada por uma enorme explosão vulcânica acontecida 642 mil anos atrás, ergueu-se cerca de 18 centímetros entre Julho de 2004 e o final de 2006, o que representa uma média anual de 7 cm.
Essa elevação da caldeira de Yellowstone foi constatada pelas 12 estações do sistema de posicionamento global (GPS) instaladas na região do vulcão e pelo radar especializado do sistema Envisat, da Agência Espacial Européia (ESA).
O ritmo de elevação vem sendo bem mais rápido do que o observado de 1923 até recentemente. As elevações anuais médias são da ordem de 2 cm.
Os cientistas norte-americanos, que relataram essas observações em artigo publicado pela revista Science na sua edição de 9 de novembro, acreditam que o fenómeno se deva à recarga da câmara de magma gigante situada sob o vulcão, constituída de rochas fundidas e de matéria sólida. A isso se pode acrescentar a pressão mais elevada dos fluidos hidrotérmicos.
Pesquisas anteriores haviam demonstrado que a câmara de magma de Yellowstone se localiza em profundidade entre 8 a 16 km. Ela tem a particularidade de ser alimentada de magma por um "ponto quente" localizado a mais de 600 km de profundidade. Situados na base do manto superior da crosta terrestre, os pontos quentes correspondem a uma concentração local de calor que serve de fonte à produção de rochas. Mais leves que o material circundante, estas sobem à superfície e perfuram a crosta terrestre, como um gigantesco maçarico.
No que concerne a Yellowstone, os pesquisadores sentem-se divididos quanto à forma que uma eventual erupção poderia tomar: Correntes de magma ou projecções na atmosfera? Por enquanto, as observações não constatam "sinal de erupção vulcânica ou de explosão hidrotérmica eminentes", avalia Robert Smith, sismologista e professor de geofísica na Universidade de Utah, que dirigiu o estudo publicado pela Science.
Mesmo assim, o risco é real, já que o supervulcão de Yellowstone conheceu no passado erupções gigantes, acontecidas há 2 milhões de anos, 1,3 milhão de anos e 642 mil anos. As detonações foram, respectivamente, 2,5 mil vezes, 280 vezes e mil vezes mais fortes que a devastadora erupção do Monte Saint Helens, em 1980, que causou 57 mortes e US$ 1 bilhão de prejuízo, de acordo com Robert Smith. Desde então, apenas erupções vulcânicas de menor envergadura vêm acontecendo.
O Parque de Yellowstone regista atividade sísmica moderada mas regular, com centenas de abalos a cada ano. O mais violento, com magnitude 7,5 na escala Richter, aconteceu em 1959. O calor gerado pelo magma, situado a baixa profundidade, alimenta os processos geotérmicos característicos do parque, que conta com mais de 200 gêiseres e numerosas fontes e lagos hidrotérmicos.
Para antecipar um evento que poderia ser catastrófico, o observatório vulcanológico de Yellowstone decidiu, em 2006, equipar o local com sistemas de observação e alerta mais aperfeiçoados, sob os termos de um programa que se estenderá até 2015.
Expresso - 28.12.2008

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