01 abril 2009

Os Cometas - Viajantes longínquos

Os cometas são uma mistura de gelo e pedra, que se mantêm quase inalterados desde a formação do Sistema Solar. Consistem num núcleo sólido, geralmente com apenas alguns quilómetros de diâmetro, formado essencialmente por pedaços de gelo e rocha aglutinados, podendo possuir um centro rochoso.
Quando se aproximam mais do que a órbita de Júpiter o calor do Sol vaporiza parte do gelo, que forma uma nuvem em torno do núcleo a que se chama cabeleira. Frequentemente, muito do gelo encontra-se aprisionado em cavidades rochosas e a sua sublimação provoca jactos de gás que o espalham por milhares de quilómetros, contribuindo assim para a difusão da cabeleira. A pressão da luz solar e o vento solar empurram o material da cabeleira na direcção oposta ao Sol, formando a cauda. A cauda do cometa pode estar dividida em duas, uma formada por poeiras e que pode ser curva, a outra formada por partículas electricamente carregadas e de forma rectilinea, mas ambas apontam sempre no sentido oposto ao do Sol, qualquer que seja o movimento do cometa. Depois de várias órbitas todo o gelo e poeira foi perdido para o espaço e tudo o que resta é uma rocha escura.
As particulas de poeira que os cometas libertam sao as principais responsaveis pelos meteoros, tambem conhecidos por estrelas cadentes. Quando a Terra atravessa uma zona do espaço percorrida por um cometa, onde estas particulas se encontram mais concentradas, os meteoros sao muito mais frequentes originando, assim, as famosas "chuvas de estrelas".
Para além da órbita de Plutão existe uma cintura de pequenos asteróides e cometas, a cintura de Kuiper, que conterá vários milhares de milhões de cometas. As diferentes excentricidades das suas órbitas faz com que as suas durações sejam muito diferentes, o que leva à divisão em cometas de curto período (uma revolução em menos de 200 anos) e de longo período (uma revolução pode demorar 30 milhões de anos).
Apesar de a grande maioria de cometas passar a uma distância "segura" do Sol (se não fosse assim, ao longo dos 4500 milhões de anos de existência do Sistema Solar já teriam sido quase todos destruidos), por vezes a interacção gravítica com os planetas pode alterar as suas orbitas e causar a sua destruição no Sol.
Da mesma forma, estas alterações orbitais podem levar um cometa a colidir com um planeta, como foi possivel observar recentemente em Júpiter.

Um dos cometas mais famosos é o de Halley, isto por ter sido o primeiro cuja reaparição no firmamento foi prevista, pelo astrónomo de quem herdou o nome. Edmund Halley acreditava que alguns dos cometas brilhantes que tinham sido já registados não eram mais do que passagens sucessivas do mesmo cometa, e reparou que alguns dos registos tinham datas espaçadas de aproximadamente 76 anos. Particularmente, se os cometas de 1531, 1607 e 1682 fossem o mesmo corpo celeste, então ele deveria passar novamente em 1758. Na realidade, todas as passagens do cometa Halley desde o ano 248 AC foram registadas. A sua última visita ao centro do Sistema Solar foi em 1986, esperando-se o seu regresso em 2061.
Cometas como o Hyakutake ou o Hale-Bopp, que nos visitaram recentemente, têm a sua origem na Nuvem de Oort, uma concha de "detritos", que contém, estima-se, um bilião de cometas (milhão de milhões) e começa a cerca de 100 000 UA em todas as direcções, envolvendo o centro do Sistema Solar e marcando o limite onde a influência gravitacional do Sol deixa de se sobrepor à das outras estrelas vizinhas. O Sistema Solar termina "oficialmente" na heliopausa, uma região onde o vento solar encontra a resistência e se mistura com os ventos das restantes estrelas da galáxia. A sonda Voyager 1, lançada em 1977, atingirá a heliopausa em cerca de 20 anos.

Astrosoft

Sem comentários: