21 junho 2009

Termorregulação

A termorregulação pode ser entendida como um conjunto de mecanismos que permitem regular a temperatura corporal interna de um organismo, de forma a mantê-la dentro de valores compatíveis com a vida quando a temperatura do meio externo varia. Em termos ecológicos e de acordo com a forma como reagem às alterações de temperatura no meio ambiente, os seres vivos podem ser divididos em endotérmicos, ectotérmicos e heterotérmicos. Os endotérmicos são os animais que mantêm uma temperatura corporal interna constante, recorrendo à energia metabólica para suportar os custos desse processo, como, por exemplo, as aves e os mamíferos. Estes organismos apresentam uma faixa de termoneutralidade, em que a temperatura corporal é regulada por alterações nas trocas de calor ao nível da pele. Os ectotérmicos, como é o caso da maioria dos répteis, apresentam uma temperatura corporal variável de acordo com as flutuações do meio ambiente, o que gera várias restrições em termos ecológicos mas, em contrapartida, acarreta menores necessidades energéticas. Existem ainda indivíduos heterotérmicos, isto é, que apresentam uma temperatura corporal variável, podendo actuar como endotérmicos facultativos, de acordo com as condições ambientais. A regulação da temperatura corporal nos organismos endotérmicos é um processo de importância vital, já que é um factor determinante na sua homeostasia interna, nomeadamente na manutenção da taxa de metabolismo celular e na manutenção da integridade do organismo. A temperatura condiciona diversos processos biológicos, como a actividade enzimática, a permeabilidade das membranas celulares, a taxa das trocas respiratórias, a produção de energia a nível celular, a produção de espermatozóides e o comportamento (grau de actividade) dos indivíduos, entre muitos outros processos. No Homem, a temperatura corporal oscila em torno dos 37 ºC, com uma amplitude de mais ou menos um grau, dependendo das condicionantes ambientais e fisiológicas (idade, sexo, fase do ciclo menstrual, etc.). A produção de calor resulta do conjunto das reacções químicas exotérmicas (catabolismo) que, continuamente, ocorrem no organismo, permitindo uma libertação constante de energia sob a forma de calor. O hipotálamo, um centro nervoso situado no interior da caixa craniana, na zona inferior e central do encéfalo, actua como centro de regulação térmica, detectando as variações de temperatura externas, através da informação que chega dos receptores térmicos cutâneos, os termorreceptores, e internas, através da monitorização da temperatura do sangue que irriga o próprio hipotálamo. O hipotálamo coordena as respostas orgânicas que permitem a manutenção da temperatura corporal em intervalos estreitos, sendo o hipotálamo anterior responsável pelas respostas reflexas em situações de calor (aumento da taxa de transpiração e promoção da vasodilatação periférica, por exemplo) e o posterior pelas respostas em situações de frio, procurando manter a temperatura corporal através do aumento da produção de calor e da redução das perdas (por exemplo, através da vasoconstrição e da erecção dos pêlos da pele). Na regulação da temperatura corporal intervêm também hormonas, como a adrenalina, a noradrenalina e a tiroxina. A sudorese é um eficiente mecanismo de arrefecimento do organismo em situações de hipertermia, desencadeadas, por exemplo, por actividade física intensa ou por temperaturas ambiente elevadas. O organismo liberta, através das glândulas sudoríparas, água aquecida, que evapora na superfície externa da pele, libertando energia térmica para o meio ambiente e arrefecendo o organismo. Em situações de actividade muito intensa, a perda de água por transpiração pode ultrapassar os 1,5l por hora, sendo que a evaporação de 1g de água corresponde à perda de cerca de 0,6 kcal.A febre constitui uma alteração temporária do ponto de ajuste do termóstato hipotalâmico, provocando um aumento da temperatura corporal. Esta alteração resulta de substâncias produzidas por algumas classes de leucócitos durante o processo de defesa imunitária contra agentes infecciosos externos. A manutenção de temperaturas superiores a 43 ºC pode desencadear danos, nomeadamente lesões cerebrais, irreversíveis.
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