Os mitos antigos viam a Lua como filha da Terra e neta do Sol e vários povos julgavam que era habitada. Hoje sabe-se que a Lua é um corpo sem vida com grandes diferenças de temperatura entre o dia e a noite que não permitem a existência de vida. Durante o dia no equador a temperatura pode chegar aos 108º C e de noite aos 170ºC. A Lua não tem atmosfera significativa recebendo por isso toda a radiação solar.Ainda não se sabe muito bem como é que a Lua nasceu, mas há fortes indícios que nasceu a partir de uma colisão com a Terra. As rochas lunares trazidas pelos astronautas são a grande prova desta teoria. Os estudos realizados revelaram grandes semelhanças com as rochas terrestres, mas também algumas diferenças.Foi com base nestas diferenças que nasceu a teoria do impacto para a origem da Lua. A ideia é simples: a Lua formou-se há 4 500 milhões de anos dos destroços de uma colisão gigantesca com a Terra.
A colisão com um corpo mais ou menos do tamanho de Marte, teria ocorrido nos primórdios da formação da Terra e teria removido cerca de 70% da crosta primitiva do planeta e lançado para o espaço grandes quantidades de detritos. Esses detritos teriam depois passado por um processo de agregação e acabariam por dar origem à Lua. Só assim se explica o facto das rochas lunares terem uma maior quantidade de materiais refractários quando comparadas com as rochas terrestres. Os materiais mais voláteis teriam sido dispersos com o calor do impacto tendo sobrado apenas os refractários que depois entrariam em grandes quantidades na formação da Lua. Por outro lado, o impacto teria ocorrido numa época em que a Terra já estaria mais ou menos diferenciada, tendo sido arrancado material da crusta e do manto, mas não do núcleo, onde já estavam concentrados os metais mais densos, daí a pobreza da Lua em metais pesados. A nossa Lua seria assim filha da Terra, formada em grande parte por material da crosta primitiva. Esta crosta está agora em órbita a 400 mil quilómetros por cima das nossas cabeças. O único problema com esta teoria é que a energia libertada durante a colisão devia ter fundido o nosso planeta dando origem a uma crosta basáltica e não granítica como aquela que vemos hoje.O nosso satélite natural foi muito activo geologicamente nos primeiros 1 000 milhões de anos da sua história. Foi durante este período que se formaram muitos dos grandes mares lunares resultantes de grandes bacias de impacto, que depois foram preenchidas por lava, dando-lhes a cor cinzenta das rochas (anortositos) que possuem hoje. Foram os primeiros observadores que lhes deram esse nome, porque realmente através do telescópio lembravam irresistivelmente os nossos oceanos. Mas observações posteriores não deixaram aberto qualquer dúvida sobre a verdadeira natureza destes mares. São mesmo vastas planícies cobertas por lava há mais de 2 000 milhões de anos. Desde então, a Lua tem estado calma e é hoje um corpo geologicamente morto, sem qualquer actividade interna. Na mesma situação estarão Marte e Mercúrio. Quanto a Vénus não sabemos, pois é possível que ainda guarde calor no seu centro e que tenha, por isso, actividade interna. Mas a Lua mostra-nos também hoje o que será a Terra num futuro longínquo quando o seu interior tiver arrefecido por completo.A Lua não exerce grande influência na geologia ou no clima. Claro que há as marés, mas pouco mais do que isso. Mas então para que serve a Lua? Bem, noutros tempos pensava-se que era útil para ajudar a crescer os pepinos ou os alhos (Plínio assegurava que alhos colhidos na Lua Nova não tinham mau cheiro nem davam mau hálito a quem os comia) ou para afastar os caracóis das videiras. Hoje pensa-se que talvez tenha servido para ajudar a estabilizar a órbita terrestre, não permitindo grandes oscilações na sua inclinação e excentricidade. Ora, isto permitiu que a Terra não sofresse grandes variações climáticas causadas pela variação brusca do seu eixo de rotação. Pode também ter servido como um escudo protector em relação à Terra apanhando grandes impactos que estariam destinados a nós. Atrasou igualmente a rotação da Terra. Convém, no entanto, lembrar que não estava determinado em lado nenhum que ela tinha que aparecer para se ocupar de tais funções. Podíamos não ter Lua nenhuma. Por acaso, temos, mas só mesmo por puro acaso. Porém, a sua presença no céu também tem servido para a iluminar a Terra com a sua doce e romântica claridade. Em suma, mais do que inspirar poetas, músicos e namorados, a Lua é na verdade uma porta aberta para o nosso passado mais remoto. E isso é o mais importante que ela tem para nos dar.
Adaptado de oficina.ciência viva.pt
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